segunda-feira, 22 de junho de 2020



Reflexões em tempos de quarentena...
A quarentena trouxe ou revelou desafios externos e internos para todos nós. Desafios pessoais, familiares e comunitários. Há reflexões necessárias nesses tempos de isolamentos para que, de alguma maneira, nada tenha sido em vão. As incertezas nos espreitam, à medida que os dias passam e vemos os desdobramentos desse período nas mais variadas áreas da nossa vida. Pois é, fomos confrontados, mais uma vez, de forma mais severa, com a nossa impotência e a nossa "desimportância" frente a tudo o que é essencial a vida.
Em se tratando de família, os desafios são de todas as matizes possíveis e imagináveis. A convivência entre pais e filhos, a convivência entre irmãos, a convivência entre os parentes próximos ou não e, não menos importante, a convivência entre os casais. Enfim, a quarentena trouxe à tona o que há muito tempo estava “guardado”, ou não visto, ou não dito nas relações afetivas. A gente vai empurrando algumas situações de convivência para os dias seguintes, na esperança de que tudo se resolva sem que precisemos mexer em questões que trazem desconforto e tensões.
A quarentena nos “prendeu” a espaços mais restritos e desocupou a nossa agenda, de maneira que não há mais desculpas para a falta de tempo. O tempo, que era um aliado para a fuga dos enfrentamentos dos problemas, tornou-se um algoz para os fugitivos. Estamos frente a frente com as questões que precisam ser resolvidas ou tratadas e, no momento, distanciados socialmente, precisamos enfrentar olhares, perguntas e inquietações que tanto nos incomodam e nos acovardam. Que bom seria se tudo se resolvesse num passe de mágica, numa fração de segundos. Já vivemos o bastante para acreditar em soluções rápidas e mágicas. Elas não existem e não deveríamos perder mais tempo idealizando soluções que só acontecerão quando, de fato, nos propusermos a trabalhar em conjunto para que elas surjam.
Para início de conversa, que tal trabalhar a comunicação? A comunicação, ou a falta dela, tem sido um dos principais motivos de desentendimentos, mágoas e dores relacionais. Não é tudo, mas já é um começo. É o chute inicial daquela partida de futebol que a gente quer tanto levar a taça. Então, podemos começar exercitando a arte de ouvir o dito e o não dito. Quando alguém disser alguma coisa, antes de levar para o lado pessoal e deixar que a ira e a mágoa se instalem, é bom a gente se perguntar se o que a gente entendeu foi, de fato, o que o outro quis dizer. Sejamos sinceros, mas não cruéis. Também é desafiador a gente aprender a se ouvir. Será que o que estamos comunicando corresponde a realidade ou são conjecturas, fruto de nossa leitura equivocada sobre um fato ou a realidade?
Se a comunicação clara e genuína nunca aconteceu, este é um bom momento para a construção dessa ferramenta tão essencial aos nossos relacionamentos. Muitos descobriram que já estavam isolados relacionalmente dentro do próprio âmbito familiar. Que seja esse um momento de demolir paredes e muros que nos afastam e, juntos, comecemos a jornada da construção de pontes para o encontro da convivência saudável e harmoniosa com aqueles que estão à nossa volta.
É fácil? Não! Mas é possível.

3 comentários:

  1. Maravilhoso!👏👏👏👏👏👏👏👏

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  2. É verdade! Ñ é impossível. Tudo por uma vivência melhor!

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  3. Creio que o escutar além de um exercício ou prática diária seja para poucos,que se dispõe nessa posição de ouvinte . Paralelo a isso,eu percebo que é um dom de poucos .

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