terça-feira, 9 de outubro de 2012

FOI A GOTA D'ÁGUA!


         Outro dia, diante de uma cena corriqueira, lembrei-me de uma frase que ouço ao longo de minha vida: “aquilo foi a gota que fez o copo d’água transbordar”!
Esse ditado popular diz respeito àquelas situações em que alguém, aparentemente tranquilo e pacífico, toma uma atitude radical, demonstrando claramente sua insatisfação com situações mal resolvidas ou recorrentes. E, quando isso acontece é comum o espanto e até indignação das partes envolvidas ou das pessoas próximas.
Essa figura, de um copo que transborda, pode ser usada para ilustrar àquelas pessoas que adotam o comportamento de evitar, adiar ou se negar a resolver pendências em seus relacionamentos. Muitas vezes movidos pelo receio de desagradar, empurram acontecimentos que os aborrecem para "debaixo do tapete", vão se esquivando daqui e dali, na tentativa de evitar confrontos e embates, que resultem em angústias, explosões de ira ou rupturas desnecessárias. É óbvio que uma única gota faça um copo de água transbordar, no entanto a constância do gotejar é que, sutilmente, preenche todos os espaços vazios, até que não se comporte mais nada. Assim também acontece com determinados relacionamentos. Chega-se a dimensões incompreensíveis, porque uma única gotinha caiu no coração sufocado com a força de um maremoto, causando danos por vezes irreversíveis aos envolvidos. 
Como isso é possível? Não há como responder sem que se busque compreender aquilo que, ao longo do tempo, contribuiu para a evolução desse processo que resulta nesse desfecho, onde um gesto, uma palavra, um olhar é como fogo sobre a palha. E palha seca!
No outro extremo desse comportamento, estão aqueles que transbordam apenas com uma única gota d’água. Eles externam suas insatisfações e contrariedades sem o menor pudor, sem a menor preocupação com o outro. Sem se preocupar com o efeito que suas palavras irão causar. São aqueles que mesclam sinceridade e verdade com nuances de crueldade. Em nome da verdade e da sinceridade, sentem-se no direito de ferir, magoar e expor alguém. Verdades ditas, muitas vezes,  não para ajudar, mas apenas para o desabafo e o bem estar de quem as diz. Nenhum dos extremos contribui para relacionamentos saudáveis. Nem sempre conseguiremos resolver questões sem causar dor, decepção, ira ou mágoa àqueles a quem amamos. Mas devemos prezar por uma comunicação clara, fundamentada na transparência e na verdade. 
Uma gota d’água pode nos fazer transbordar, sim! Mas que seja um transbordar de verdade, transparência, compreensão, respeito e afeto. 

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