“...que viram em tua casa? ” 2Rs 20.15a
Esta
pergunta foi feita pelo profeta Isaías ao rei Ezequias, depois que ele recebeu
em seu palácio uma comitiva enviada pelo então rei da Babilônia, Merodaque-Baladã.
Ezequias, impensada e inadvertidamente, mostrou para aqueles homens toda a sua
casa, os seus tesouros e todo o seu arsenal bélico. A visita da embaixada
babilônica a Jerusalém tinha fins políticos: conseguir aliados para lutar
contra o domínio assírio e o rei não percebeu na ocasião o quanto isto lhe
custaria no futuro. Por isso, depois que a comitiva saiu, o profeta Isaías se
dirigiu ao rei e lhe perguntou: “O que viram em tua casa? ” Ezequias, totalmente alheio ao perigo, lhe respondeu:
“Tudo quanto há em minha casa viram”,
ainda acrescentou: “coisa nenhuma há nos
meus tesouros que eu não lhes mostrasse”, 2Rs 20.15b, 2Cr32.27-29. Ao
ouvir essa resposta, Isaías lhe avisou de que chegaria o tempo em que tudo aquilo
(o que fora mostrado) seria levado para a Babilônia. Verdadeiramente, tudo o
que Isaías predisse se cumpriu quando Nabucodonosor reinou sobre a Babilônia, Dn 1.1-2 ; 5.2-3.
Infelizmente,
aquela visita aparentemente inofensiva traria muitos prejuízos irreparáveis,
pois nenhum dos presentes levados pela comitiva do rei da Babilônia poderia remediar
os estragos causados pela atitude de Ezequias. Sua falta de discernimento o
impediu de agir com prudência quanto à sua casa, sua família, seus bens e à
segurança do seu povo.
Não
é diferente conosco. Tal como Ezequias, deixamos adentrar em nosso lar sutis
mensageiros que chegam com presentes aparentemente vantajosos e, assim, abrimos
a porta da frente, literalmente, para que “inimigos em potencial” entrem, se
instalem e saqueiem tudo que temos de mais precioso: nossa família!
Entenda-se
por “sutis mensageiros” tudo quanto pode comprometer, abalar ou destruir os
valores da família. Não é sem razão que somos surpreendidos com comportamentos e atitudes de filhos, cônjuges ou familiares. É que fomos incapazes de
perceber que tais atitudes foram o somatório de pequenas concessões feitas no
dia a dia, na correria da vida moderna e na falta de tempo significativo para
estar com a família. Nossas muitas atribuições podem nos driblar impedindo que
percebamos as armadilhas que os espreitam em
casa, na rua, na escola, na vizinhança.
É
certo que não podemos, e nem devemos colocá-los, em uma redoma de vidro para
protegê-los. Nesses momentos, é inevitável que surja a pergunta: “Como proteger
sem alienar?”. Não é tarefa fácil. Mas é possível conhecer os espaços que
frequentam, as amizades e os ambientes virtuais por meio de um relacionamento bem
alicerçado desde a mais tenra infância. Ingredientes como diálogo franco,
compreensão, limites, disciplina, exemplo e amor não podem faltar nessa
construção diária. Educar exige tempo, dedicação e persistência.
Mais
do que nunca precisamos de pais e responsáveis que não se limitem a somente
apontar o caminho para seus filhos, mas que se disponham a caminhar com eles lado
a lado para os proteger, equipar e defendê-los antes que “sutis mensageiros”
entrem na família e consigam minar, anular, roubar e desferir o golpe fatal de
destruição.
É
sábio aquele que busca a preservação de sua família. Sem dúvida alguma, o
padrão bíblico para uma vida em família é realmente muito elevado, mas quem o
seguir será feliz e bem-sucedido, Sl 127.1. A sabedoria para tal encontra-se
na comunhão diária com Deus através da oração, leitura e meditação da Sua
Palavra. “E, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos
dá liberalmente, e o não lança em rosto, e ser-lhe-á dada”, Tg 1.5.
A
pergunta do profeta ainda repercute nos dias atuais: “O que viram em tua casa? ”.
Avalie o que está entrando em sua casa e
não permita que entre em seu lar mensageiros de destruição e ruína. Ao
contrário do que fez o rei Ezequias, proteja sua família!