quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

O QUE VIRAM EM TUA CASA?


“...que viram em tua casa? ” 2Rs 20.15a

Esta pergunta foi feita pelo profeta Isaías ao rei Ezequias, depois que ele recebeu em seu palácio uma comitiva enviada pelo então rei da Babilônia, Merodaque-Baladã. Ezequias, impensada e inadvertidamente, mostrou para aqueles homens toda a sua casa, os seus tesouros e todo o seu arsenal bélico. A visita da embaixada babilônica a Jerusalém tinha fins políticos: conseguir aliados para lutar contra o domínio assírio e o rei não percebeu na ocasião o quanto isto lhe custaria no futuro. Por isso, depois que a comitiva saiu, o profeta Isaías se dirigiu ao rei e lhe perguntou: “O que viram em tua casa? ”  Ezequias, totalmente alheio ao perigo, lhe respondeu: “Tudo quanto há em minha casa viram”, ainda acrescentou: “coisa nenhuma há nos meus tesouros que eu não lhes mostrasse”, 2Rs 20.15b, 2Cr32.27-29. Ao ouvir essa resposta, Isaías lhe avisou de que chegaria o tempo em que tudo aquilo (o que fora mostrado) seria levado para a Babilônia. Verdadeiramente, tudo o que Isaías predisse se cumpriu quando Nabucodonosor reinou sobre a Babilônia, Dn 1.1-2 ; 5.2-3.
Infelizmente, aquela visita aparentemente inofensiva traria muitos prejuízos irreparáveis, pois nenhum dos presentes levados pela comitiva do rei da Babilônia poderia remediar os estragos causados pela atitude de Ezequias. Sua falta de discernimento o impediu de agir com prudência quanto à sua casa, sua família, seus bens e à segurança do seu povo.
Não é diferente conosco. Tal como Ezequias, deixamos adentrar em nosso lar sutis mensageiros que chegam com presentes aparentemente vantajosos e, assim, abrimos a porta da frente, literalmente, para que “inimigos em potencial” entrem, se instalem e saqueiem tudo que temos de mais precioso: nossa família!
Entenda-se por “sutis mensageiros” tudo quanto pode comprometer, abalar ou destruir os valores da família. Não é sem razão que somos surpreendidos com comportamentos e atitudes de filhos, cônjuges ou familiares. É que fomos incapazes de perceber que tais atitudes foram o somatório de pequenas concessões feitas no dia a dia, na correria da vida moderna e na falta de tempo significativo para estar com a família. Nossas muitas atribuições podem nos driblar impedindo que percebamos as armadilhas que os espreitam em casa, na rua, na escola, na vizinhança.   
É certo que não podemos, e nem devemos colocá-los, em uma redoma de vidro para protegê-los. Nesses momentos, é inevitável que surja a pergunta: “Como proteger sem alienar?”. Não é tarefa fácil. Mas é possível conhecer os espaços que frequentam, as amizades e os ambientes virtuais por meio de um relacionamento bem alicerçado desde a mais tenra infância. Ingredientes como diálogo franco, compreensão, limites, disciplina, exemplo e amor não podem faltar nessa construção diária. Educar exige tempo, dedicação e persistência.
Mais do que nunca precisamos de pais e responsáveis que não se limitem a somente apontar o caminho para seus filhos, mas que se disponham a caminhar com eles lado a lado para os proteger, equipar e defendê-los antes que “sutis mensageiros” entrem na família e consigam minar, anular, roubar e desferir o golpe fatal de destruição.
É sábio aquele que busca a preservação de sua família. Sem dúvida alguma, o padrão bíblico para uma vida em família é realmente muito elevado, mas quem o seguir será feliz e bem-sucedido, Sl 127.1. A sabedoria para tal encontra-se na comunhão diária com Deus através da oração, leitura e meditação da Sua Palavra. “E, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente, e o não lança em rosto, e ser-lhe-á dada”, Tg 1.5. 
A pergunta do profeta ainda repercute nos dias atuais: “O que viram em tua casa? ”.  Avalie o que está entrando em sua casa e não permita que entre em seu lar mensageiros de destruição e ruína. Ao contrário do que fez o rei Ezequias, proteja sua família!