domingo, 9 de junho de 2013

Sarinha Freire: TIVE FOME E ME DESTE DE COMER...

Sarinha Freire: TIVE FOME E ME DESTE DE COMER...: Compartilhando aqui o texto de um colega de trabalho, que com graça e bom humor nos desafia a profundas reflexões. O texto é de J. Duarte, ...

sexta-feira, 7 de junho de 2013

TIVE FOME E ME DESTE DE COMER...


Compartilhando aqui o texto de um colega de trabalho, que com graça e bom humor nos desafia a profundas reflexões. O texto é de J. Duarte, desfrutem e reflitam.

 
 
 
Ainda não havia entrado no restaurante, quando uma mulher mal vestida e de olhar triste apareceu a minha frente.  Ao perceber que ela ia pedir algo, fui mais rápido, com uma expressão severa e movimento imperativo da mão, a fiz entender que aquele dia, um lindo dia de outono, não era um bom dia para solidariedade.

Aliviado, entrei e fui me servir. À mesa, tive uma sensação estranha, o prato estava farto, o coração vazio. O que havia acontecido comigo?! Com certeza aquela pobre mulher queria um pouco de comida, nada mais... Enquanto mastigava, a imagem da mísera criatura não me deixava em paz, abalava meu espírito, arruinava minhas convicções.

O que foi que eu fiz? A minha situação não era muito diferente da maioria das pessoas.

Séculos atrás, Jesus ensinava o verdadeiro sentido do amor, a renúncia aos bens materiais e o único tesouro da vida.

Até os fariseus, escribas e saduceus conseguem amar a própria família. Dizia o mestre. Ensinar que o amor, a fraternidade e a preocupação não são apenas valores do âmbito familiar foi a grande missão filantrópica de Cristo. Entender isso é difícil, praticar quase impossível.

Quem é meu pai, minha mãe, irmão, irmã, meu filho, minha filha? Quem é meu próximo? Mais claro, só desenhando! Sua família é a humanidade, seu próximo é o necessitado...

Muito bonito muito poético, mas na pratica, é um Deus nos acuda!!!

A cada mastigada, meu arrependimento aumentava. Ainda bem que a amplitude semântica do cristianismo é um bom analgésico. 

Já refeito, e em paz com Deus e comigo, prometi a mim mesmo que nunca mais faria aquilo... E esperava sinceramente que um bom samaritano tivesse cruzado o caminho daquela pedinte.

Ao sair do restaurante, procurei pela necessitada. Apesar do coração contrito, guardava um pouco de esperança de não vê-la. Porém, ela continuava fixa na calçada. Desta vez fui mais receptivo, tinha que validar financeiramente meu arrependimento.

Finalmente pude ouvir a mulher:

__Paga um almoço pra mim.

__Tudo bem.

A moça parecia conhecer o local. Fomos até uma pensão próxima, onde inexistia a tutela da balança.

No caminho, a mulher, esquecendo que até solidariedade humana tem limites, pediu:

__O senhor pode pagar uma Coca-Cola também?

Como você deve saber a resposta só podia ser:

__ Não!

J.Duarte