segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

MARCAS DE UMA MULHER EXTRAORDINÁRIA




MARCAS DE UMA MULHER EXTRAORDINÁRIA
A inspiração deste texto se baseia na vida de uma mulher que viveu na época do Antigo Testamento, no período governado por juízes. O cenário descrito no livro de Juízes, narra um tempo de decadência moral, espiritual e política da nação de Israel. Depois da morte de Josué, o povo ficou sem liderança religiosa, e isso facilitou a que se tornassem infiéis a Deus. Com esse comportamento, o povo atraiu a ira de Deus, sobre si, de tal maneira que Ele utilizou a força e o domínio das nações inimigas para disciplinar e ensinar o Seu povo. Esse cenário de fracassos, quedas, anarquia, desorganização e confusão religiosa e moral, desencadeou um ciclo de pecado, punição, súplica e salvação. Dessa forma, o povo pecava e, ao sentir as consequências da desobediência e do seu afastamento de Deus, clamavam por socorro. Deus interferia em resposta ao clamor do povo elegendo pessoas comuns, como juízes para liderar e libertar o povo da opressão dos inimigos. Assim, a autoridade dos juízes não consistia na coragem ou no heroísmo militar, mas no fato de serem pessoas conduzidas pelo Espírito Santo de Deus em suas estratégias para vencer as batalhas contra seus inimigos.
Dentre esses juízes, encontramos uma mulher chamada Débora, uma profetisa, mulher de Lapidote. Ela julgou Israel quando o povo vivia debaixo da opressão do rei de Canaã, Jabim e seu general, Sísera. A posição de liderança ocupada por Débora, numa época como aquela, em que as mulheres não tinham qualquer valor ou prestígio social, revela-nos que não há paradigmas culturais, sociais ou religiosos que sejam capazes de impedir os propósitos e o agir de Deus na história da humanidade.
A vida de Débora evidencia qualidades indispensáveis a todos que marcaram épocas e impactaram gerações. Tais pessoas escreveram a história com fidelidade, ousadia e credibilidade. Eis aí as marcas de uma mulher extraordinária!

FIDELIDADE
O texto não apresenta muitos detalhes sobre a vida pessoal de Débora, o que nos leva a concluir que, possivelmente, ela fosse uma mulher como tantas outras de sua época, isto é, sem descendência aristocrática, qualificações peculiares ou quaisquer outros atributos especiais que a elevassem a posição de juíza em Israel. O que a fez tão especial? A leitura da narrativa bíblica traz informações sobre o modo de vida daquele povo. Eles estavam totalmente afastados dos ensinamentos e da fé dos primeiros patriarcas. Perderam o que os diferenciava dos demais povos: a fé em único Deus. Essa era a principal identidade de Israel, um povo monoteísta, que deveria viver sob as leis e o governo de Deus. O fato é que a convivência com as diferentes culturas e crenças induziu o povo de Israel a um sincretismo religioso sem precedentes. Ainda assim, independente da decadência moral e espiritual daqueles que estavam ao seu redor, Débora permaneceu fiel. Ela conservou-se fiel à sua fé, seus princípios e a Deus. E isso foi um diferencial tanto para sua vida quanto para a comunidade em que estava inserida. Seu modo de vida se opunha frontalmente à vida daqueles que estavam ao seu redor. A informação de que era uma profetiza, revela-nos de que ela transmitia as orientações de Deus ao seu povo. Para isso, era imprescindível uma vida pautada na obediência e fidelidade à Palavra de Deus.
Ainda hoje, Deus conta com pessoas cujas vidas sejam incorruptíveis, que sejam como sal da terra e luz do mundo, que não negociem seus valores, seus princípios, sua fé, a despeito da apostasia e do pecado que os cercam. Infelizmente, algumas pessoas têm encontrado no comportamento alheio, desculpas para uma vida espiritual infrutífera, vazia e desprovida de qualquer relevância.

OUSADIA
Numa época de total indiferença quanto à figura feminina e seu valor na sociedade, Débora nos surpreende ao exercer um papel de liderança, uma função destinada exclusivamente ao sexo masculino. Segundo estudiosos, naquele tempo a mulher era confinada a tarefas domésticas; no templo não podiam ir além de um átrio externo, destinado às mulheres; o período menstrual lhes acarretava muitas restrições, inclusive a proibição de ir ao Templo. Enfim, foi nesse tempo que Débora julgava Israel. Ela surge nesse cenário, como uma mulher que revirou os rígidos costumes sociais, quebrou paradigmas, reordenou prioridades, ampliou a visão e mudou conceitos. Para quebrar paradigmas é preciso ousar!
O papel feminino na sociedade mudou muito. No passado muitas mulheres foram mutiladas, humilhadas, amordaçadas, queimadas, apedrejadas, mas hoje grande parcela da população feminina vive uma nova realidade de conquistas e realizações. Atualmente surgem novos paradigmas a serem vencidos e, dentre eles, destaco a ditadura da beleza. Enfrentamos um novo tipo de escravidão: a escravidão do espelho. Segundo a historiadora Mary Del Priore, o Brasil é o primeiro país, no mundo, em número de cirurgias plásticas puramente estéticas, deixando para trás até países muito mais ricos do que o nosso. Vivemos o paradigma de que a embalagem vale mais do que o conteúdo; a aparência em detrimento da essência. Infelizmente, algumas mulheres se tornaram vítimas dessa escravidão e encontram-se aprisionadas em porões da baixa autoestima.  Devemos, como mulheres cristãs, cuidar da saúde, primar pela aparência (sempre), mas sem exageros, tomando os devidos cuidados para não cair na armadilha vigente da beleza padronizada. É importante lembrar que toda mulher tem o seu valor e a sua beleza. Nadar contra essa correnteza não é tarefa fácil. Não se pode esquecer a recomendação bíblica de que a mulher que teme ao Senhor, essa será louvada, Pv 31.30.

CREDIBILIDADE
Ao descrever as orientações e estratégias para a batalha contra os cananeus, a narrativa bíblica informa que lá pelas tantas, Baraque, o homem responsável pelo o exército de Israel impõe uma condição para guerrear contra o inimigo: Débora os deveria acompanhar nessa empreitada. Ainda que, num primeiro momento, essa atitude de Baraque pareça demonstrar fraqueza ou insegurança, na realidade, tal hesitação se fundamentava na superioridade bélica do inimigo.  A companhia de Débora inspirava confiança e inspiração ao reduzido exército israelita. Com essa atitude, ele legitima a competência e a credibilidade de Débora, mesmo em uma sociedade machista. A presença de Débora traria encorajamento e certeza de vitória, isso graças a sua profunda comunhão com Deus e o testemunho inabalável de sua fé. A presença de Débora era a certeza de que Deus não abandonaria o seu povo.      Cabe aqui mais uma reflexão: será que a nossa presença em determinados lugares e em nossa esfera de influência nos confere credibilidade?
         Vivemos uma época de absoluta certeza quanto ao valor e a influência feminina na política, nas artes, na educação e nas demais áreas da vida pública e privada de nossa sociedade. A grande questão é, se as mulheres estão fazendo bom uso das oportunidades e conquistas conseguidas a custo de sacrifício pelas gerações passadas.

CONCLUSÃO:
         A história de Débora acabou. A boa notícia é que tanto a sua história quanto a minha ainda não, e por isso o seu exemplo deve provocar em nós muito mais do que inspiração, sonhos ou admiração. A trajetória de Débora nos desafia a agir em nossa geração com fidelidade, ousadia e credibilidade para que, assim, o poder de Deus seja manifesto de maneira excepcional em diferentes épocas e lugares.
Uma mulher extraordinária será sempre extraordinariamente usada por Deus!