quinta-feira, 28 de junho de 2012

PARA A REFLEXÃO NOSSA DE CADA DIA!

Quero compartilhar um texto para nossa reflexão sobre a importância e complexidade da educação em qualquer parte do mundo. A luta por uma educação digna, não é a luta de uma classe isolada, nem de uma minoria consciente e muito menos de uma maioria desfavorecida. É claro que a reflexão por si só não leva a nada. Mas pode ser o pontapé inicial para despertar consciências adormecidas. Será que é possível, pelo menos pensar?



Eu ensinei a todos eles



"Lecionei no ginásio durante dez anos. No decorrer desse tempo, dei tarefas a, entre outros, um assassino, um evangelista, um pugilista, um ladrão e um imbecil.

O assassino era um menino tranqüilo que se sentava no banco da frente e me olhava com seus olhos azuis-claros; o evangelista era o menino mais popular da escola, liderava as brincadeiras dos jovens; o pugilista ficava perto da janela e, de vez em quando, soltava uma risada rouca que espantava até os gerânios; o ladrão era um jovem alegre com uma canção nos lábios; e o imbecil, um animalzinho de olhos mansos, que procurava as sombras.

O assassino espera a morte na penitenciária do Estado; o evangelista há um ano jaz sepultado no cemitério da aldeia; o pugilista perdeu um olho numa briga em Hong Kong; o ladrão se ficar na ponta de pé, pode ver minha casa da janela da cadeia municipal; e o pequeno imbecil, de olhos mansos de outrora, bate a cabeça contra a parede acolchoada do asilo estadual.

Todos estes alunos outrora se sentaram em minha sala, e me olhavam gravemente por cima de mesas marrons. “Eu devo ter sido muito útil para esses alunos - ensinei-lhes o plano rítmico do soneto elisabetano, e como diagramar uma sentença complexa”.



(PULLIAS, E.V. e Young). A arte do magistério. Rio de Janeiro, Zahar; 1970. p. 48)

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Obrigada, gente querida!



Hoje quero agradecer aos amigos e leitores que, graciosa e pacientemente tem demonstrado carinho e amizade compartilhando e comentando os textos postados. O blog passou de 3000  acessos e isso é maravilhoso. 
Esse desafio é uma empreitada, uma possibilidade que se soma a tantas outras para compartilhar, questionar,  refletir e multiplicar aquilo que, a gente pensa que só a gente sente. A ideia é aproximar pessoas e tratar de questões comuns a todos nós de uma maneira simples e autêntica sem rodeios ou receios. 
Tudo isso é para o clássico: Obrigada, gente querida!

sábado, 16 de junho de 2012

CONVERSAS DE RUA!

             Já percebeu como as pessoas falam sobre suas vidas na rua, no restaurante, nas filas dos banco? Essa então é clássica!. Elas compartilham sem cerimônia experiências de suas vidas, seus problemas, seus sonhos... sua visão de mundo.
Outro dia, entrei em um transporte alternativo e lá estava o motorista demonstrando gentileza, tentando “puxar um assunto” e, não há melhor tema para iniciar alguma conversa entre estranhos do que falar sobre política, a atuação de nossos governantes, a ausência do poder público na educação, na saúde e na segurança pública. O rapaz era articulado e começamos a  conversar, problematizando as frágeis bases da educação em nosso país. E olha que o tema é por demais palpitante! Qual não foi minha surpresa, ao ver surgindo diante de mim, a figura de um professor apaixonado, escondido atrás daquele motorista. Ele discorreu sobre os conceitos e sobre as teorias da educação e da pedagogia. Falou com conhecimento de causa sobre as teorias de Jean Piaget, Lev Vigotski, Paulo Freire entre outros. Eu estava perplexa! Ele me sugeriu livros e compartilhou suas experiências em sala de aula. Havia um brilho em seu olhar, uma paixão, uma emoção em sua voz e, aí eu não me contive. Tive que perguntar:
- O que você está fazendo aqui?
Ele disse:
- Eu desisti. Aqui eu ganho mais.
Foi aí que me dei conta de quantas pessoas estão em situação semelhante. Ele desistiu de receber baixos salários, desisitiu de esperar reconhecimento e valorização, desisitiu do pouco caso com que se tem tratado os professores em nosso país. Ele desistiu do exercício da profissão, mas não desistiu de amar e acreditar na educação como um alicerce capaz de transformar a sociedade e na formação de sujeitos capazes de construir um mundo melhor.
Aquele motorista é como um soldado que tombou no campo de batalha. Sim porque o educador, trava batalhas diárias e intermináveis. Encontrar motivação para prosseguir é um daqueles desafios idealistas. Todos em suas profissões e formações, precisaram de um professor. Ninguém se capacitou ou aprendeu, sem que um educador estivesse presente, compartilhando graciosamente seus conhecimentos, muitas vezes conseguido a custas de muito sacrifício e desprendimento.
Fica aí a reflexão sobre conversas de rua. Elas podem revelar que, há aqueles que tombaram no campo de batalha da sobrevivência e, alguns ainda  continuam lá prostrados, feridos  ou não. Mas há os que encontraram alternativas.